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ESTRADA

Por José Airton de Oliveira

Na minha estrada, essa que passa despercebida por muitos, eu sigo tentando pavimentar minhas certezas. Ali é onde ando sozinho, enfrento meus monstros, suplanto meus desesperos, estoco minhas frustrações. Vou deixando pelos caminhos alguns maus agouros. Não tenho ponto de parada nesse meu caminhar, que é só meu, e onde só quero passar. Já deixei pelos acostamentos muitos dos meus medos, talvez até segredos, os quais não sei mais deles. Reservei essa caminhada para fazer sozinho, porque ali posso revelar minhas fraquezas sem que ninguém saiba das minhas fragilidades. É por esse caminho que todos os dias deixo um pedaço da minha vida. As vezes tenho meus desatinos e penso no que ficou naquele meu lugar, porém sou abordado pela necessidade de continuar, ter que lutar. Quantas quedas já levei! Muitas foram as lágrimas que causaram enxurrada, as dores infundadas, sem ninguém para me estender às mãos, ou oferecer colo. Nessa caminhada eu tenho deixado também as saudades que não queria tê-las, meus maiores temores e também aprendizados. Foram muitos os pesadelos, os momentos solitários. A solidão que me acompanhou às vezes, num certo tempo da minha vida foi positiva, chamou minha atenção, pude refletir melhor sobre os meus valores. Ficaram sonhos que perdi e não retornei para buscá-los, hoje arrependo-me, deveria ter tentado. Apesar de carregar no meu embornal, deixei ali vários motivos de ódio, isso foi bom, pois não me lembro quais foram. Continuo caminhando ali quando dos meus momentos sós, mantenho segredo, com o mesmo enredo, que os problemas são meus. Não levarei nunca e nem ninguém junto nessa minha caminhada, que é inevitavelmente minha, até o meu destino final, que não quero que seja trágico.

Imagem meramente ilustrativa