Eventualmente me pergunto quem sou quando me perco nas minhas dúvidas e não me encontro nas minhas confusões, porem me refaço, lembrando que não posso esquecer das minhas obrigações. É assim que me ergo pronto pra reencarar a vida, mesmo que o baque que me atingira tenha machucado demais. Colhi de um texto a letra de uma música cantada nas rodas de capoeira, contendo um período frasal que afirma que “na vida se cai, se leva rasteira, quem não cai não é capoeira, se levanta e cai…”, e eu coaduno com tal afirmativa. Assim vou assimilando meus tombos e deixando de lado alguns inócuos. Há muito perdi o interesse pelo dinheiro, lutei demais para juntá-lo, sou e fui desonestamente, diria que saqueado, com tantas obrigações que não contraí. Não tenho mais vaidades, caibo dentro das minhas oportunidades, que nem são tantas, mas não perco o foco delas. Sou caminheiro seguindo um destino que não foi bem pavimentado, acredito que eu tenha focado o objetivo errado. Agora, quando tento buscar minha essência, encontro vários obstáculos, que me são devidos, eu os criei. Não sei quanto tempo tenho pra me reencontrar, me preparar para ser gente na essência da palavra. Estou desbravando um novo mundo, o dos sentimentos, não que eu não os tenha conhecido, conheci, porém fiz uso de todos, me restringindo a alguns poucos, mas de repente assimilei uma imensidão deles. Não sei se foi o tempo ou a minha reafirmação humana que me levou ao aprendizado, sei que tenho mesmo caído e levantado, com mais quedas que se costuma levar. Percebi também que eu tinha voltado a ser pequeno mas que repudio esse pequenez. Me reapresento aqui, uma tela de um quadro que não foi terminado, necessitando de reparos e conclusão, com coragem para enfrentar o que me espera. Com certeza vou desculpar as rasteiras, pois tive sabedoria por aprender com elas. Também vou precisar de paciência, perdão e saber perdoar para desculpar aqueles que me derrubaram quando eu não estava preparado. Uma coisa é certa, nunca mais estarei ou serei tão despreparado como sou ou estou agora, porque quem cai se levanta, seguramente já não tenho dúvidas disso.
Autor: José Airton de Oliveira