Eu já tive na minha frente bifurcações, nela as opções sobre o caminho que deveria seguir. Alguns que escolhi, fui obrigado a voltar, porque não estava seguindo o melhor lugar. Não tive muitos corações, mas perdi alguns sem conhecer, foram cuidados que tomei para não magoar, não que eu fosse egoísta e pensasse somente em mim. Hoje sou mais solidão, um eremita rodeado de gente. Continuo no aprendizado de ser humano, para tentar um dia ter competência para plantar minhas sementes. Sou devoto de Deus, me perdoem os ateus, mas temos que nos apegar, não posso viver de teorias, nem da fé, nem da evolução. Não queria também depender da cronologia, mas também não dependo só de mim. Já não tenho sonhos, nem mais pesadelos, minhas noites são de poucos movimentos, durmo pouco, talvez seja isso que não me deixa sonhar. Os meus planos não são mais pra mim, vou realizá-los se deixar de ser roubado, tanto física como mentalmente. Quero aprender um instrumento musical, parei um tempo de tatuar, precisava praticar, mas a oportunidade traçada, acredito que aleatória por mim, nem tem sido a mais acertada, tenho escasseado, esfacelado meu tempo, sem nada produzir. Escrever é meu intento, tenho melhorado, não que eu seja bom, mas minhas rimas tem dado certo. Gosto de cordéis, aqueles escritos que se conta a história na escrita, em forma de livretos pendurados em varais. Eu tenho muita coisa que coloquei lá, naquele cordão esticado na minha vida. Tenho que recolhê-los, de repente tem alguma coisa pra ser corrigida. Estou buscando a supremacia, mas a minha busca paira na vontade de ver se realizar a felicidade, porém que não baste só pra mim. Sei que o ser feliz não mata, não rouba, não trai, atrai, então eu quero atração. Hoje me basta a euforia, tema pra eu fazer poesia, uma música violada, saxofone na companhia, a felicidade fazendo estripulia, a vida cheia de fantasia, um beijo que não ganhei, a saudade virando presença. Que tal um sonho de cabeceira, desde que não seja pesadelo?
Texto: José Airton de Oliveira