*Cássia Bomfim – jornalista
Todos se lembram de um episódio muito triste que aconteceu em Uberlândia-MG, no dia 18 de setembro deste ano na Escola Estadual Américo Rennê Giannetti, envolvendo dois jovens estudantes. Pois é, como a gente sempre diz: toda ação tem uma reação e nem sempre com resultados bons, mas enfim, é vida que segue seu percurso e assim: uma vida lutando pela vida. Vamos contar o desfecho deste triste e lamentável fato que trouxe sérias sequelas e que precisa da união de todos nós, seres humanos do bem. #fazerobemsempre. A descrição dos fatos é contata por um dos adolescentes que foi “personagem” de mais um ato de violência e muita dor.
Quero recuperar a minha saúde
“Olá! Meu nome é Elder Leandro Tolentino de Kaiser, e tenho 17 anos. Encontro-me matriculado no primeiro ano da Escola Estadual Américo Rene Giannetti em Uberlândia-MG e, até o mês passado, eu estava trabalhando como menor aprendiz na empresa Algar Tecnologia. Infelizmente, não estou mais frequentando a escola, e não tenho mais condições de trabalhar, tudo isso devido a um drama que vivenciei no dia 18 de setembro de 2019 por volta das 07:30 da manhã: me envolvi em uma briga de escola, em uma partida de futebol durante uma aula de educação física. Eu sequer conhecia o aluno que, depois de uma falta, não aceitou minhas desculpas, iniciando uma sequência de ofensas verbais que, em seguida, se transformaram em empurrões, e se tornou uma briga. Outros alunos interferiram, tentaram apartar e, numa dessas tentativas eu me desequilibrei e caí. Enquanto me encontrava indefeso no chão, o aluno com quem eu discutia me acertou um chute na cabeça, o que me deixou desacordado por alguns instantes. Senti uma dor muito forte. Após alguns instantes, recobrei a consciência. Ao voltar para a sala de aula, acabei cochilando na carteira. Permaneci na escola até o final da aula. Por volta das 11:30 na saída, aconteceu o segundo incidente, dessa vez do lado de fora da escola: este episódio foi gravado e divulgado nas mídias sociais. Nesta nova briga voltei a receber novas agressões. Fui embora para casa, almocei, mas as dores de cabeça estavam piorando, e comecei a vomitar. Foi quando minha avó me levou até o hospital público (UAI) de Uberlândia-MG. Não passava das 13:00. Fiquei sob observação durante todo o dia, e precisei passar a noite no hospital. As 02:00 do dia 19 de Setembro tive a primeira convulsão. Feito isso, fui transferido às pressas para o Hospital das Clínicas. Já internado no HC na sala de emergência, na manhã do dia 19 tive mais duas convulsões. Fui medicado. Por volta das 13:00, fui tomado por uma série de convulsões, uma seguida da outra, que se encaixou em um quadro de epilepsia (foram cerca de 7 a 8 convulsões em sequência), e na intenção de contê-las, fui medicado (sedado) e entubado. Neste momento começou o meu pior drama, decorrente do traumatismo craniano encefálico causado pela pancada em minha cabeça. Até então, eu ainda não estava internado na UTI. Frente ao quadro grave no qual eu me encontrei, fui encaminhado. A equipe médica identificou que o coma induzido seria a melhor opção: uma forma de preservar minha integridade, evitar novas convulsões e investigar o motivo. A princípio, suspeitaram de um coágulo, formado em decorrência do chute, mas o golpe poderia também ter abalado seriamente meu cérebro, causando inchaço e, por isso, o quadro de convulsões. Foram realizados vários exames enquanto eu estava na UTI, porém a causa exata das convulsões não foi encontrada. Neste tempo que fiquei internado, também contrai uma pneumonia, e precisei tomar anti-bióticos muito fortes.Neste tempo que fiquei em coma induzido, lutei pela vida, a cada segundo. Várias consequências e sequelas poderiam ter ocorrido. Mas Deus esteve comigo a cada momento. Depois de 17 dias no hospital, tendo passado 10 deles internado na UTI correndo risco de vida, consegui me recuperar, e finalmente tive alta: o médico prescreveu um anticonvulsivo, que eu devo tomar pelos próximos dois anos. Ele achou muito arriscado uma cirurgia: melhor seria aguardar a reação do organismo. Após 5 dias da alta médica, notei um inchaço no braço, que descobri se tratar de coágulos. O excesso de medicamentos que tomei no hospital deixou minhas veias frágeis. No mesmo dia vieram as tremedeiras nos braços, e fortes dores na cabeça, e mais uma vez me dirigi ao hospital. Lá dentro novamente tive crises convulsivas, e voltei a ficar internado por mais 2 dias sob observação.Foram prescritos novos medicamentos, de controle especial. Quanto às convulsões, posso tê-las a qualquer momento: é um efeito do trauma cerebral com o qual vou ter que conviver por um bom tempo, ou talvez pelo resto da vida, mesmo tomando os medicamentos prescritos. Sem emprego, sem poder frequentar a escola, preciso de ajuda para seguir com o meu tratamento, tanto neurológico, quanto psicológico, pois os anticonvulsivos tem efeitos colaterais, assim como o trauma e a necessidade de ficar de repouso, ficando em casa para se recuperar. Será necessário realizar a compra de medicamentos anti-convulsivos para uso a longo prazo, pelo menos por 2 anos. Estes medicamentos são caros. Vou ter que realizar várias consultas e exames médicos, com neurologista especializado, e também acompanhamento com psicólogo, devido à situação na qual me encontro. O tratamento das minhas crises convulsivas, decorrentes deste grave traumatismo craniano encefálico, ocasionado por esta terrível agressão, é o que preciso para ter minha saúde de volta! Deus abençoe a todos!” Aqui não nos resta contar mais nada, apenas alertar para que não haja mais violência em nenhum lugar, principalmente em escolas. Além disso, fazemos um apelo: quando você vir uma situação semelhante ou quase chegando a este ponto, pare, reflita que não vivemos na era “troglodita” e ao invés de pegar o celular e filmar tenha compaixão e seja apaziguador. Pode ter a certeza de que o retorno psíquico e emocional serão bem mais gratificantes. Agora vamos nos unir em oração e em ação? Ajude. Compartilhe. Colabore.
https://www.vakinha.com.br/vaquinha/tratamento-de-traumatismo-craniano-encefalico