O caso de uma jovem de 21 anos que teria cometido suicídio ao pular do 13º andar de um prédio no Centro de Belo Horizonte, no dia 26 de agosto de 2023, ganhou novos desdobramentos com a conclusão das investigações realizadas pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG).
Após apurações minuciosas, o inquérito policial revelou que a mulher foi vítima de feminicídio, e o ex-namorado dela, de 47 anos, preso preventivamente.
Entenda
À época do crime, o homem relatou à polícia que a vítima teria cometido suicídio devido a um histórico de depressão e dependência química. No entanto, a investigação, conduzida pelo Núcleo Especializado de Investigação de Feminicídios e pela Delegacia Especializada de Homicídios Centro, demonstrou sérias contradições na versão apresentada pelo suspeito.
De acordo com a delegada Iara França, responsável pela investigação, a comprovação de que o suspeito estava dentro do apartamento no momento da queda e o fato de ele ser o responsável por empurrá-la, após uma discussão, levou ao reclassificamento do caso.
“Este é um claro caso de controle psicológico e abuso contra uma mulher. Conseguimos provar que o suspeito tentou manipular a narrativa dos fatos, negando sua responsabilidade. O que confirmamos é que ele jogou a vítima pela janela após uma discussão”, destacou.
Motivação
A apuração revelou que a relação do casal, que inicialmente parecia normal, transformou-se em um caso de controle psicológico e abuso. “O homem, proprietário de um apartamento onde hospedava mulheres jovens e estudantes, manipulava suas vítimas e as subjugava a abusos sexuais e emocionais. A vítima fatal, que tentava reconstruir sua vida, viu-se presa a esse relacionamento, com o investigado exigindo mais do que ela podia oferecer”, ressaltou a delegada.
A investigação também revelou que o suspeito possuía um histórico de abusos cometidos contra outras mulheres. “Ele agia como um predador. Suas vítimas, na maioria das vezes, não tinham forças para denunciar”, acrescentou França.
Atração
Durante os levantamentos, a Polícia Civil descobriu que o suspeito usava seu trabalho como motorista de aplicativo para atrair mulheres, iniciando relações com o propósito de manipulá-las.
“Muitas das vítimas eram abordadas durante os transportes e depois eram subjugadas ao domínio do suspeito. Além disso, ele utilizava o aplicativo para transportar drogas, o que aumentou ainda mais as suspeitas sobre sua conduta”, detalhou a policial.
Prisão
O investigado foi preso temporariamente em novembro de 2024, e a ordem judicial foi convertida em prisão preventiva após a conclusão do inquérito. O indiciamento por feminicídio foi formalizado na última sexta-feira (21/3). O indiciado permanece no sistema prisional, à disposição da Justiça.
“Esse é mais um alerta sobre os perigos do abuso psicológico e do controle, que frequentemente precedem tragédias. A PCMG está determinada em buscar justiça e assegurar a segurança e a dignidade das mulheres”, concluiu Iara França.
Por ASCOM-PCMG