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Eu consigo controlar a diabetes gestacional apenas mudando minha alimentação?

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Um cuidado que as gestantes devem ter na gravidez é com a alimentação. Isso porque, no pré-natal, algumas grávidas descobrem que seu índice de glicose no sangue está um pouco – ou muito – acima do normal e com alguns exames complementares, os médicos chegam a um diagnóstico: diabetes gestacional.

Ou seja, além do alto índice de glicose, a diabetes gestacional faz com que seu corpo não produza insulina em doses suficientes, levando os níveis de açúcar no sangue a subirem demais, o que pode gerar problemas com a gravidez e com o bebê.

No Brasil, 7% de todas as gestantes desenvolvem diabetes gestacional. E, o que se sabe, no entanto, é que a maioria das mulheres com diabetes gestacional consegue controlar o nível de açúcar no sangue (ou nível glicêmico) se tiver disciplina com a alimentação e se exercitar diariamente.

Por isso, para falar sobre esse assunto, conversamos com a Dra. Sílvia Helena Caires, ginecologista e obstetra do Hospital Santa Clara e desvendamos os mistérios da diabetes gestacional para você ficar calma e evitar esse problema em sua gravidez.

Boa leitura!

Por que as gestantes desenvolvem diabetes gestacional?

“Durante a gravidez, especialmente a partir de 24 semanas, hormônios produzidos pela placenta reduzem a ação da insulina materna com a finalidade de manter um suporte adequado de energia para o bebê. Com isso, o pâncreas materno aumenta a produção de insulina em até três vezes para manter o equilíbrio da glicemia materna. Quando esse mecanismo de compensação não acontece perfeitamente, os níveis de glicose maternos ficam elevados, ou seja, surge o diabetes gestacional”, explica a doutora.

Desse modo, se ela já tiver predisposição ao diabetes, seu pâncreas não vai dar conta e assim surgirão os primeiros efeitos da carência de insulina.

Quais os fatores de risco para o dibatetes gestacional?

“Os fatores de risco para o surgimento dessa condição são: idade materna mais avançada, acima de 35 anos; ganho de peso excessivo durante a gestação, sobrepeso ou obesidade; síndrome dos ovários policísticos; história prévia de bebês grandes (mais de 4 kg) ou de diabetes gestacional; história familiar de diabetes em parentes de 1º grau; história de diabetes gestacional na mãe da gestante; hipertensão arterial sistêmica na gestação; gestação múltipla (gravidez de gêmeos)”, alerta a obstetra.

Quais as complicações podem acontecer no bebê?

O principal efeito nos filhos é a macrossomia, nome que os médicos dão às características dos bebês que nascem com mais de 4 kg, com excesso de tecido adiposo formado pela oferta muito alta de glicose.

“Quando o bebê é continuamente exposto a grandes quantidades de glicose no ambiente intra-uterino, há maior risco de crescimento fetal excessivo(macrossomia fetal) e, conseqüentemente, partos traumáticos. Também, hipoglicemia neonatal e até de obesidade e diabetes na vida adulta”, esclarece Dra. Sílvia.

Como é feito o diagnóstico?

“O diagnóstico é feito através do exame chamado Teste de tolerância à glicose oral ou TTGO, (realizado a partir de 24 semanas de gestação) caso a glicose no sangue venha com valores iguais ou maiores a 92 mg/dl no jejum ou 180 mg/dl e 153 mg/dl respectivamente 1 hora e 2 horas após a ingestão de 75g de açúcar”, explica.

Como é feito o tratamento?

O tratamento para diabetes gestacional tem como objetivo promover a saúde da mãe e do bebê, evitando complicações na gestação.

Desse modo, é importante que o tratamento seja feito sob orientação de um nutricionista, do obstetra e do endocrinologista para que o controle da glicemia seja eficaz.

Ou seja, o tratamento consiste em mudar a alimentação, fazer exercícios físicos e monitorar os níveis de glicose no sangue.

“A alimentação é a chave para os melhores resultados diante desse diagnóstico. A prática de atividade física também é uma medida de grande eficácia para redução dos níveis glicêmicos. A insulina é indicada nos casos em que não é obtido o controle através dessas medidas. Com o controle adequado, as gestações transcorrem sem problemas e os bebês nascem saudáveis, inclusive, sendo possível o parto normal”, diz a doutora.

Terei que mudar o que comer por causa da diabetes gestacional?

Na maioria das vezes, sim. Mas é fundamental ter apoio especializado para saber como fazer a transição do que você come para o que será mais adequado para manter sua glicemia sob controle durante a gravidez e o pós-parto.

Desse modo, quando o diagnóstico for confirmado, seu obstetra te indicará um nutricionista para te ajudar a fazer esse controle de alimentação, pois você terá que ter em mente:

● Quais alimentos você pode comer e quais deve evitar;

● Qual a quantidade de comida adequada para o seu organismo, baseada no seu peso, altura, nível de atividade física, avaliação de exames de sangue e nas necessidades do bebê em desenvolvimento;

● Com que frequência deve se alimentar

Basicamente, você precisará aprender o que são porções específicas de alimentos e como equilibrar suas refeições com a quantidade certa de proteínas, carboidratos e gorduras.

Não se esqueça da indicação de atividade física que você pode fazer para ajudar!

E, embora a ideia de uma dieta especial pareça assustadora de início, com o tempo você vai se acostumar a fazer as melhores escolhas para que sua gravidez e seu bebê estejam bem.

Portanto, em caso de diagnóstico de diabetes gestacional, converse com seu obstetra e siga as orientações. Não se descuide da sua saúde e da sua alimentação, pois ambas vão te ajudar a ter uma gestação tranquila.

Fonte: Kompleta Comunicação