
Entre o cansaço acumulado, a melancolia das festas e a pressão por resultados, especialistas alertam para os impactos emocionais da reta final do ano e a importância de buscar equilíbrio.
À medida que o ano se aproxima do fim, uma sensação comum parece se espalhar entre as pessoas: o cansaço emocional. São os dias em que a mente tenta fechar ciclos, fazer balanços e dar conta de tudo o que ficou pendente. “Tanta coisa ainda para fazer antes do fim do ano, mas o que eu queria mesmo era férias. Estou exausto”, contou um empresário. Fala esta que poderia ser de qualquer um de nós.
Mas não é só o cansaço que pesa. Para muitos, o período desperta melancolia, seja pela ausência de pessoas queridas, pelo balanço de metas não cumpridas ou pela comparação com a vida dos outros nas redes sociais. Para outros, é uma época de alegria e esperança. O que poucos percebem é que ambas as emoções, e até a oscilação entre elas, fazem parte de um movimento natural do fim de ciclo.
Segundo a psicóloga Patrícia Naves Garcia, esse “peso invisível” tem origem em camadas emocionais mais profundas. “Com a autorregulação emocional conseguimos lidar não só com o final do ano, mas também com todas as datas festivas que disparam dores emocionais que nem sempre conseguimos identificar como dores”, explica.
A especialista afirma que a terapia sistêmica ajuda a entender por que o fim do ano pode ser tão ambíguo. “O processo terapêutico permite identificar o que está por trás desse estresse, quais memórias ou perdas são reativadas e a quem ou a que episódio esse período remete. Só assim conseguimos aliviar o mal-estar e compreender o que ele quer nos mostrar”, observa.
Para Patrícia, outro ponto importante é o modo como as pessoas encaram o calendário. “Vivemos em um país onde o ano só começa depois do Carnaval e termina no Dia das Crianças. Viver em função de épocas é uma fuga da realidade. O ideal seria passar o ano em equilíbrio, sem precisar de marcos para ajustar a rota”, comenta.
O famoso “balanço de fim de ano”, segundo ela, é inevitável, mas pode ser feito com leveza. “Se eu venho em um fluxo de realização, programar o novo ano é leve. Mas se passei meses adiando o que precisava ser feito, chego ao fim adoecido e frustrado. E ainda assim, é possível recomeçar. Sempre há tempo de retomar o movimento”, afirma.
Mais do que encerrar um ciclo, novembro e dezembro podem ser um convite à pausa e ao autoconhecimento, uma oportunidade para olhar para o ano com gentileza, reconhecer o que foi possível e preparar o terreno para um novo ciclo com mais equilíbrio e presença.
