Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2020 foram relatados 127.396 novos casos da hanseníase no mundo. Desse total, 19.195 (15,1%) ocorreram na região das Américas e 17.979 foram notificados somente no Brasil, ou seja, 93,6%, o que significa que o País detém a maioria dos casos nesse território, e é o segundo colocado em casos da doença no mundo, atrás somente da Índia.
A hanseníase é uma doença infecciosa crônica, causada por uma bactéria, o Bacilo de Hansen, em que a grande maioria das pessoas já possui resistência natural a ela e não adoece. A transmissão ocorre quando uma pessoa doente, sem ter iniciado o tratamento, elimina o bacilo por meio de secreções nasais, tosses ou espirros. Os sintomas podem surgir entre dois a sete anos, a partir da contaminação.
De acordo com o dermatologista do Hapvida NotreDame Intermédica, Diogo Pazzini, quando mais cedo for o diagnóstico, melhor, porque o tratamento cura a doença e interrompe a transmissão, assim como previne sequelas. “O tratamento precoce é de fundamental importância porque a hanseníase, em sua fase inicial, afeta a pele e os nervos, causando lesões, e a demora no tratamento pode levar a sequelas incapacitantes, como perda da sensibilidade, alterações motoras e deformidades, que já é a fase mais grave da doença, onde o paciente possui comprometimento neurológico”, alerta o especialista.
Diogo explica que o tratamento é feito através de comprimidos, em um período que varia entre seis meses a um ano, e que é disponibilizado pela rede pública. “A boa notícia é que, logo após a primeira dose do medicamento, o paciente não transmite mais a doença, portanto, ele não precisa mais ficar isolado como acontecia antigamente. Ao longo da história, vencemos o preconceito em torno da hanseníase. Muitas pessoas ficavam doentes e se isolavam em locais afastados da sociedade, e hoje vemos que isso já não faz o menor sentido”.
Para Diogo, a Campanha do Janeiro Roxo serve como um alerta para o diagnóstico e tratamento precoce da doença. “Caso a pessoa perceba alguns sinais como manchas na pele, esbranquiçadas ou avermelhadas, com uma perda de sensibilidade, assim como um formigamento nos membros, a orientação é que procure imediatamente um médico para poder ter um exame detalhado e o diagnóstico e tratamento correto”, aconselha o dermatologista.
Em relação ao preconceito, o especialista afirma que a falta de informação da população ainda é o principal motivo. “Por se tratar de uma doença milenar, por muitos anos denominada como lepra, e que doentes eram afastados do convívio social e isolados em instituições, gerou conceitos arraigados na sociedade. Esse contexto se dava pelo fato da inexistência de medicamentos eficazes que pudessem evitar a transmissão, o que hoje em dia já não faz parte da nossa realidade, porém, o preconceito ainda persiste”, finaliza.
Fonte: MF Comunicação