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INCERTEZAS

Fazem dias que eu não passava por aqui . Deixei de passear sob a influência dos vocábulos, tinha me perdido na falta de inspiração. Percorri alguns idos de dor, era física, afetou algo que tenho aqui dentro e que é o que impulsiona meu ato de escrever. Claro que durante esse espaço não deixei que tudo se esvaziasse sem uma justificativa plausível, busquei entender o que estava acontecendo comigo e fiz várias reflexões. Não quis aceitar que o fator físico adoecido pudesse exercer influência negativa sobre meu lado espiritual, optei por suportar sem lamentos as dores, os desfavores. Quantas foram minhas divagações! Queria entender o inexplicável, encontrar um veredito para o significado saudade. Seria interessante entender para explicar, decifrar esse sentimento que causa dor e nos felicita com lindas lembranças. Nessa minha ausência pude constatar que a vida é uma verdadeira ebulição de acontecimentos revirando e mudando nossas cabeças. Trava-se uma verdadeira batalha entre os antônimos bons e ruins, impondo-nos várias situações. Nem sempre temos domínio sobre tudo que acreditamos saber de verdade, nem ao menos se são todos verdadeiros. Diante de tantas coisas inusitadas é que nos deparamos com nossas incertezas. Quais são as minhas? São tantas que nem consigo mensurar, como também não consigo fazer em relação às certezas. Nem sempre estamos aptos para assumirmos que nos conheçamos, quem dirá os outros. Tenho caminhado só, corrido meus riscos porém temos as perdas. Não que eu nunca tenha perdido, mas é que foram tantas às vezes que já não arisco mais, como fazia no passado. Não que eu tenha perdido a fé ou a coragem, eu os mantenho, mas estou com mais coragem pra enfrentar a vida de frente. Realmente agora é real, já estou pronto pra retornar e buscar algo do passado, fazer tudo para mantê-lo vivo, tanto em mim quanto nas pessoas que conheço. Não importa quem será o salvador, o importante é ser salvo e chagar ao céu. Deus é benevolente, o que não podemos é parar e ficar esperando, pois essa espera é estéril. Exite uma coisa que é lógica com relação ao cultivo, colhemos o que plantamos ou às vezes nem colhemos e até muito menos! O que temos que manter são nossas certezas, mas sem egoísmos. Se na permanência eu começar a colher desgosto, enquanto eu não conscientizar o que realmente desejo. Eu não quero provar do fel, mas do mel, desde que nunca exagere, tudo pode ser dentro de um padrão lógico de necessidade. Eu preciso amar, esse é meu alimento, o resto, o que fica, é desilusão.

Texto de José Airton