Quando eu tomei a decisão de te amar, eu enxerguei sua alma através de uma fresta que permitia enxergar dentro do seu coração. Descobriu então que não necessitaria de muita coisa para me dedicar intensamente a você. Aí eu te amei e continuei amando como da primeira vez, mesmo você não estando comigo. Ocorreu que com o ciclo normal da vida, nos distanciamos, cada um seguiu seu caminho, amadurecemos, adquirimos hábitos e atitudes que foram necessários para que pudéssemos existir, então nos esquecemos um do outro, sensibilidade dos humanos. Atitude diferente entre um cão é uma pessoa, chamada de civilizada. Dia desses lembrei de você, daquele tempo que acreditávamos que seríamos eternos. Vasculhei o tempo e vi uma imagem sua, como não poderia deixar de ser, lhe achei linda, senti um sentimento doído me revirando interiormente, mas não fiz absolutamente nada, apenas olhei pra você. Uma coisa é certa, apesar das mudanças que o tempo nos proporcionou, eu não deixei da amar você, mas pude compreender que não tínhamos nascido pra nós, porque eu senti que você, se não amava, estava totalmente apaixonada pela vida que leve. Logicamente ficou claro que você não teria disposição para ser feliz, sua rotina mórbida e sem emoção lhe bastava. Então voltei à realidade, consciente que aquela fresta que me permitiu ver seu coração e me encantou, não existe mais, eu não consigo ver mais nada em você, apenas uma lembrança que era só minha.
Texto: José Airton de Oliveira