Dona Edite é uma poetisa reconhecida por sua atuação cultural e declamações no Sarau Cooperifa, em São Paulo
Edite Marques da Silva, de 82 anos, chega a Uberlândia para uma sessão especial de exibição do documentário “O Olhar de Edite”. O documentário, dirigido por Daniel Fagundes, narra a história da mulher que, ao chegar a São Paulo em 1961, envolveu-se em atividades culturais e tornou-se reconhecida por suas interpretações de poemas e o amor pela literatura. No final da década de 80, Edite começou a conviver com a perda da visão, devido a um agravamento da diabetes. Isso não a impediu, contudo, de ver o mundo pelos olhos da poesia. O filme será exibido gratuitamente neste sábado (26), às 20h, na Trupe de Truões (Av. Ana Godoy de Sousa, 381). Após a exibição, Dona Edite e o diretor do filme estarão presentes no espaço para um bate-papo.
A primeira apresentação de Dona Edite aconteceu em 1990, na Casa de Cultura do M’Boi Mirim. Depois disso, ela nunca mais parou. Foi em um dos movimentos pioneiros da literatura marginal brasileira, o Sarau Cooperifa, que Edite ganhou destaque no início dos anos 2000. No espaço, ela apresentou poemas com uma forte interpretação, tornando-se reconhecida como “diva” do Sarau e uma referência para a literatura e a cultura popular. Em 2020, a história da poetisa se tornou um documentário por meio de um financiamento coletivo, dirigido por Daniel Fagundes, filho de um casal de amigos de Edite que acompanhou toda a sua trajetória.
A exibição do documentário faz parte da programação da 6ª edição da Mostra de Cinema Casa Aberta, um evento para a difusão de produções independentes, realizado pelo grupo de teatro Trupe de Truões. A vinda de Dona Edite faz parte do objetivo da companhia em potencializar as linguagens audiovisuais produzidas por pessoas negras. Para Ronan Vaz, coordenador artístico e curador da mostra, “receber Dona Edite e Daniel em nossa cidade é uma oportunidade para conhecermos as potências da literatura e do cinema periférico do nosso país. É a possibilidade de conversarmos com pessoas que são referência no movimento cultural e artístico, e que carregam histórias que inspiram gerações. A presença deles fortalece a nossa busca por uma arte mais inclusiva e que celebra as raízes afro-brasileiras, algo essencial para continuarmos a abrir espaço para novas vozes e expressões”.
No domingo (27) e na segunda-feira (28), a mostra continua com a exibição de diferentes produções audiovisuais. No domingo (27), às 16h30, haverá uma sessão voltada para o público infantojuvenil e, às 18h, uma exibição dos filmes selecionados no Ponto dos Truões. Na segunda-feira (28), às 10h e às 13h, as sessões serão na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE). A 6ª Mostra de Cinema Casa Aberta é fomentada pela Lei Paulo Gustavo, vinculada à Prefeitura Municipal de Uberlândia e ao Ministério da Cultura do Governo Federal.
SINOPSE “O OLHAR DE EDITE”
Dona Edite (mineira de Pirapora – MG) é uma mestra da literatura periférica e da cultura popular em São Paulo. Por meio de sua interpretação, diversos personagens oprimidos da história ganham vida: as mulheres roceiras, as rezadeiras, o trabalhador das fábricas, as mães negras das favelas e tantas outras. Dona Edite é deficiente visual, mas vê o mundo pelos olhos da poesia, recitando textos e canções no Sarau da Cooperifa, onde é diva e rainha do lugar.
Classificação indicativa: livre.
SERVIÇO
6ª Mostra de Cinema Casa Aberta
Quando: 25, 26, 27 e 28 de outubro
Sessão de exibição do documentário “O Olhar de Edite”: 26 de outubro, sábado, às 20h
Local: Ponto dos Truões
Entrada gratuita
No dia 25 de outubro haverá uma sessão exclusiva para alunos da ESEBA
Folksonomias | Assessoria