As provas são vistas como um verdadeiro filme de terror pelos estudantes. Mas, quando esse terror vira realidade e os próprios personagens aplicam a avaliação, elas podem até ser bem divertidas. Com esse pensamento, o professor do curso de Direito da Uniube, Roberto Lins, decidiu inovar em dias de provas: trocou a camisa social e a gravata por fantasias de terror.
Formado em Direito, em 1999, o gosto pela docência surgiu pouco depois da graduação, em meados de 2002. Chegar à sala de aula não foi uma tarefa fácil. “Para não deixar esse sonho morrer, comecei a organizar muitos eventos jurídicos na cidade, sem qualquer finalidade lucrativa, tão somente para poder dar essa contribuição para essa galerinha que merece muito. A docência, para mim, só se tornou uma realidade quando os cursos de Engenharia da Uniube me deram uma oportunidade. E pasmem: os alunos de Engenharia gostaram muito das aulas de noções de Direito. É difícil acreditar nisso, não é? Mas foi verdade sim”, conta de maneira divertida.
Com mais experiência na área, Roberto Lins aprofundou nos estudos e percebeu que todo o conteúdo que aprendeu durante a Universidade poderia ser ensinado de forma diferente. “Os filmes são uma grande paixão que tenho. Muitos deles se encaixavam perfeitamente em situações jurídicas relevantes para um estudante de Direito e, se utilizados com boa vontade, poderiam tornar o ensino muito mais interessante”, explica.
Roberto sempre achou que as provas eram uma barreira entre professor e aluno e algo punitivo. “Quantas vezes eu escutei de meus professores: ‘essa sala está conversando muito, vocês vão ver na hora da prova’. Isso, para mim, é um fracasso. Em minha concepção, a avaliação é o momento para o professor analisar se aquele trabalho está sendo bem desenvolvido com os discentes. Então para que esse clima de terror todo quando chegam as semanas de prova?”, questiona. “Prova não é para provar nada. Prova é para a gente (corpo docente) tentar conhecer meios de auxiliar nosso aluno nas situações em que ele estiver com dificuldade”, acrescenta.
O professor quis, então, quebrar esse pensamento comum entre os alunos e ironizar essa imagem punitiva que tinham das avaliações. A solução foi usar fantasias de personagens de filmes de terror. “Se prova é um momento de pânico, nada melhor do que ser aplicada por alguém assustador, numa sala assustadora. E o efeito acaba sendo exatamente o contrário. Quanto mais me caracterizo de forma assustadora, mais eles se sentem relaxados e, com isso, acabam por obter um melhor resultado na avaliação. E não pense que minhas avaliações são fáceis. Ao final, consigo demonstrar a eles que, tendo autocontrole emocional, todos os desafios se tornam menores”, diz.
Para ele, as fantasias representam também comprometimento e companheirismo. “Se eu tenho a oportunidade de ensinar o que eu preciso de uma maneira que nossos alunos aprendam com um sorriso no rosto, eu não posso seguir por outro caminho. Acho que a profissão docente é isso. Uma eterna entrega aos nossos amigos-alunos”, afirma.
Ser professor
Segundo Roberto, a educação precisa ser modificada em todos os níveis. No caso dos cursos jurídicos, em particular, acredita que o desafio seja ainda maior, já que se trata do campo mais tradicional e formal de todas as ciências. “Em meu mestrado, saí da área do Direito e fui aprender com os renomados educadores da contemporaneidade. E são os educadores que nos alertam que o nosso modelo de aula e de avaliação não mais se adequa à juventude que nos procura. Mas tenho certeza que cada professor, utilizando as suas potencialidades, pode fazer uma verdadeira revolução em sala de aula”, continua.
Para aqueles que desejam seguir na carreira de docente, o professor destaca que, com dedicação, o profissional irá receber recompensas que dinheiro nenhum é capaz de comprar. “Não existe educação em massa. Existe educação humana. Portanto, quem quer ser professor deve aceitar que terá uma vida de doação, de dedicação, e que não pode aceitar que sua aula seja ‘mais ou menos’. Sua sala de aula precisa ser viva, instigante, motivadora. Tendo esse pensamento sempre em mente, como nos orientava Paulo Freire, a gente contribuirá para que as pessoas consigam as mudanças que desejam para suas vidas e, assim, a gente contribuirá para o surgimento de uma nova sociedade”, completa Roberto.
Prelo Comunicação