Emissão de efluentes de futura indústria de celulose despertou preocupação do poder público
O prefeito Odelmo Leão e o promotor de justiça de Defesa do Meio ambiente, Breno Lintz, apresentaram à imprensa as preocupações em relação aos projetos de emissão de efluentes de uma empresa de celulose na região. Durante a coletiva, na manhã desta segunda-feira (29), o prefeito afirmou ser favorável ao desenvolvimento econômico, desde que haja também a preservação da vida das pessoas, da fauna e da flora.
“Todo investimento é bem vindo, contanto que não prejudique o meio ambiente. A Prefeitura de Uberlândia está à disposição para encontrar uma solução que seja boa para a economia e o meio ambiente. Investir é bom, crescer é bom, mas com responsabilidade”.
A empresa, que vai investir 1 bilhão de euros na região, está com previsão para começar as obras em setembro. A instalação será em uma área de 75 mil hectares que pertence ao município de Indianópolis (60 Km de Uberlândia). No entanto, a emissão dos efluentes se daria a oito quilômetros do sistema de Capim Branco, local onde está sendo construída a nova captação de água para a cidade de Uberlândia.
Meio ambiente
A multinacional apresentou ao Deparatamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) os projetos, porém a autarquia uberlandense se mostrou preocupada devido à possibilidade de contaminação da água com os resíduos industriais. Como não há projeto sobre a depuração dos mesmos, o rejeito poderia contaminar todo o curso de água da Bacia Hidrográfica do Rio Araguari.
O vice-prefeito e diretor-geral do Dmae, Paulo Sérgio Ferreira, explicou que, apesar da importância do investimento da empresa, houve preocupações do poder público com o impacto ambiental. “A empresa se reuniu conosco e explicou o relatório com estudos de impacto ambiental e parâmetros de efluente adequados às resoluções estaduais. Mas o que nos preocupou é que este relatório de impacto não considerou a presença de uma estação de tratamento de água que vai atender três milhões de pessoas e que está a jusante, ou seja, abaixo dessa fábrica e também de onde serão lançados os efluentes”, detalhou.
Ainda segundo Ferreira, há preocupação também com os impactos do grau de depuração que o rio tem, quanto à emissão desses efluentes, para ter a estação de tratamento de água devidamente eficiente. “Qual o impacto no aumento do custo do nosso tratamento de água? Temos as questões também do vento e das marés, sobre os quais não foram apresentados estudos desses impactos no lago de Capim Branco”, comentou.
Atuação conjunta
A intenção da Prefeitura de Uberlândia e do Ministério Público de Minas Gerais é pesquisar sobre possíveis impactos ambientais a partir de casos semelhantes dentro do Brasil, inclusive a longo prazo. O objetivo é encontrar uma solução para a emissão de efluentes de modo que a indústria possa se instalar dentro dos parâmetros de segurança e preservação ambiental, gerando renda e empregos com sustentabilidade.
“Nós vamos investigar o que pode ser feito paraque, primeiramente, a captação não seja prejudicada e também verificar o que pode ser ou não jogado dentro desse rio. Além disso, analisar o que a empresa está prevendo para irmos atrás de empresas que já trabalharam e trabalham com esse tipo de área em outra cidades. Isso de modo a pesquisar quais tipos de problemas podem ocorrer com esse tipo de empreendimento”, afirmou o promotor Breno Lintz.
Ainda segundo o promotor, essa pesquisa vai ser feita pelo Ministério Público. “Vamos atrás de técnicos para nos informar melhor a respeito do tipo de produto que é utilizado numa indústria dessa e o tipo de rejeito que pode sair. A partir daí, tomar uma atitude de tranquilizar a população ou, então, uma medida judicial no sentido de suspender a licença e suspender o início das obras dessa empresa”, esclareceu o promotor.
Fonte: Secom PMU