Índice de Preços ao Consumidor subiu 0,62% no mês passado; Cepes também divulgou boletim da cesta básica e pesquisa inédita sobre produtos tradicionais na Páscoa
O Centro de Estudo, Pesquisas e Projetos Econômico-Sociais da Universidade Federal de Uberlândia (Cepes/UFU) verificou um aumento de 0,62% do Índice de Preços ao Consumidor de Uberlândia (IPC) de março, em comparação com os dados coletados no mês de fevereiro. No acumulado do ano, a inflação está em 1,77%. Já quando considerados os últimos 12 meses, este número é de 3,86%. A divulgação dos resultados do novo levantamento foi realizada na manhã desta terça-feira (16/04), com explicações por conta da economista Graciele Sousa.
Economista Graciele Sousa foi a responsável pela apresentação dos dados coletados no último levantamento realizado pelo Cepes.
O cálculo do IPC é uma iniciativa do Cepes que teve início em 1979 e possui como público-alvo as famílias uberlandenses com rendimento de um a cinco salários mínimos. Para a confecção dos dados atuais, são pesquisados mensalmente 235 subitens em mais de 550 estabelecimentos comerciais da maior cidade do Triângulo Mineiro.
De acordo com Graciele Sousa, o aumento nos preços de produtos como o mamão e o feijão carioca foram determinantes para o que o Grupo de Alimentos e Bebidas fosse aquele no qual foi registrada a maior elevação entre os nove grupos que compõem a pesquisa. “Este é o Grupo 1 e teve um acréscimo de 2,50% em relação ao IPC de fevereiro. Este encarecimento teve como destaque o mamão e o feijão carioca e é justificado por fatores climáticos e também pela redução da área plantada”, explica.
Ainda conforme ela, os aumentos do valor da gasolina nas refinarias e da cotação do petróleo no mercado internacional provocaram alta nas bombas tanto neste combustível quanto no óleo diesel e no etanol: “Dentre os cinco grupos nos quais registramos quedas, merece destaque o da Habitação, com retração de 0,25%. O motivo disso foi a queda nas alíquotas de impostos como PIS e Cofins.”
Cesta básica
O Cepes também constatou aumento no preço médio da soma dos 13 itens alimentícios que compõem a cesta básica. Enquanto em fevereiro esta conta ficava em R$ 401,60, no mês passado subiu para R$ 420,91 – o equivalente a um acréscimo de 4,81%. Os produtos com maiores reajustes e que podem ser apontados como os grandes vilões do período foram, pela ordem: batata (20,82%), feijão (19,9%) e tomate (12,24%).
Apenas dois itens ficaram mais baratos em março, mas nada que significasse alívio significativo no bolso dos consumidores: carne (-1,47%) e banana (-1,22%).
Outro dado interessante revelado pelo Cepes diz respeito à quantidade de horas trabalhadas para a aquisição da cesta básica. Se em fevereiro eram necessários 88h32min, em março este tempo passou para 92h47min, uma variação de R$ 4,81%.
Os resultados também são negativos em relação ao cálculo do salário mínimo necessário para a manutenção de uma família com dois adultos e duas crianças ou uma que possua três adultos. A conta de março fechou em R$ 3.536,10, ou seja, 4,81% acima dos R$ 3.373,89. Este valor subiu pela sétima vez consecutiva desde agosto de 2018, quando era de R$ 2.782,17.
Produtos pascais
Assim como em dezembro de 2018 o Cepes divulgou pela primeira vez um balanço comparativo com os preços cobrados no mesmo período de 2017 por mercadorias muito demandadas no Natal, agora o órgão realizou um levantamento tendo como base os valores em 2018 e 2019 de produtos tradicionais na Páscoa, os peixes e ovos de chocolate.
A coleta destes dados ocorreu durante oito dias em mercados, armazéns, supermercados e lojas de departamento do município de Uberlândia, objetivando verificar as médias de preços e variações simples dos mesmos. No tocante aos ovos, o agrupamento levou em consideração os sabores, características e faixas de pesos.
As maiores variações foram observadas nos ovos ao leite, que baratearam 8,83% nos pesos de 1 a 99g – de R$ 11,22 em 2018 a R$ 10,23 em 2019 –, e estão 18% mais caros nos pesos acima de 350g – subindo de R$ 53,37 para R$ 62,98. Já nos ovos com brinquedos e/ou personagens notou-se aumento de preços em todas as faixas de peso que foram encontradas nos dois anos, com destaque para os de 100 a 149g, que passaram de R$ 40,22 no ano passado a R$ 46,74 neste ano. No entendimento de Graciele Sousa, o que está por trás deste fenômeno é a alta nos insumos utilizados na fabricação do chocolate, tais como cacau, leite e manteiga.
No tocante aos peixes, o cenário não foi diferente e está sendo preciso gastar mais na Páscoa deste ano. Dentre as cinco espécies de peixes mais vendidas nesta época em Uberlândia – sendo que o bacalhau foi cotado em duas versões (peça e desfiado/lasca) –, apenas o piramutaba teve queda no preço. Por sinal, quase irrisória: 0,26%, passando de R$ 18,95 a R$ 18,90.
A oscilação de preço das demais espécies foi sempre positiva, variando entre 5,03% (bacalhau desfiado/lasca; de R$ 41,82 para R$ 43,93) até 14,34% (filé de tilápia; de R$ 27,90 para R$ 31,90). Para a economista do Cepes, a elevação da taxa de câmbio e até mesmo os desastres ambientais recentes ocorridos por conta do rompimento de barragens em Minas Gerais estão entre os fatores que explicam o aumento dos preços dos pescados.
Fonte: UFU