Artigos

FANTASIANDO

Autor: JOSE AIRTON OLIVEIRA

Caminho nos trilhos dos meus sonhos. Invado o cerrado da minha vida, onde guardo histórias e também todas as fantasias que foram contos da literatura popular, se tornando paixão, minha verdadeira realidade lúdica. Com certeza os personagens folclóricos, aqueles foram contos imaginários, são hoje meus maiores amigos, verdadeiros gurus para me salvaguardar. Nos meus dias de matos, quando estou no meu lugar, de repente falo com o curupira, vou onde ele está, porque sigo suas pegadas ao contrário. Ah, quanto me custou conquistar a amizade do Saci, primeiro tive que entender que ele é apenas um menino de uma perna só, que como outra criança, tem sua fé, na sua pulança, estripulias, faz o que faz todo menino peralta. Quando a Cuca, aquele jacaré, que ande de pé, quase uma bruxa, que gosta de amedrontar crianças, faz tudo sem maldade, causada pela vaidade, na sua vontade de assustar. Esse é o jeito deles de brincar, sonhar, ajuntar. Quanto ao Caipora e o Boitatá que ficam sempre na mata, do outro lado de lá, se queremos com eles falar, tem que se procurar. Ficam ali nos seus encantos, em muitos encantos, que me fazem admirar. Tem tudo isso, muitos vaga-lumes, beija-flores, insetos, entre eles borboletas, sem tretas, com todas minhas letras, que crio para fantasiar. Não que eu queira inventar, não fui eu que criei o conto popular, ouvi contar, acreditei, então meu mundo eu enfeitei, com todas essas emendas, são as lendas, que me fazem flutuar. Tenho tudo na memória, história e estórias, contos e cantos. Sempre viro a folha do meu livro, não fico numa página só, as vezes volto para ler, quando eu posso curar, gosto desse brincar, escrevinhar. Fiz assim com a minha vida, carpi uma estrada bem comprida, com bastante informações, coloquei placas para identificar. Risquei os nomes dos igarapés, uma lagoa com água boa, onde a conversa é pertinente, diz que tem uma serpente, a anaconda do lugar. Será lenda ou fato? Tudo no mesmo ato, de fato. Nesse lugar sempre tem alguém para pescar, um tanto certo para alimentar, nada para abusar, molecada para nadar, ali naquele margear. Tudo coberto por um céu bem azul, com o seu jeito de proteger, a noite e o amanhecer, que todos os dias vem nos visitar. São muitos os sons, passarinhos que gorjeiam, as flores que o campo margeiam, para dar cor e pintar. Esse meu mundo bonito, com toda sua beleza, a franqueza do luar, quando alumia minhas noites, que me livram dos açoites, em cada momento que uma estrela se faz brilhar. Venha, faz-se me acompanhar, vamos sonhar, aqui tem belezas que não se pode comprar. Não queira duvidar, cate um tempo pra vir aqui e olhar, posso então te mostrar, nesse jeito que eu sei lhe contar. Faço tudo com discrição e uma fantasiosa descrição, aqui onde eu escolhi para morar. É esse o meu acomodar, no meu lugar de mato, onde a tristeza não faz o desacato, nunca chega para maltratar. Nada para se preocupar, porque a felicidade nem dá tempo para esfriar, sempre volta para esbaldar, o jeito que ela, vai meu envolvendo, me induz, como uma luz, para o meu poetizar.

Imagem meramente ilustrativa