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MORTES POR DOENÇAS DO CORAÇÃO CRESCEM ENTRE O SEXO FEMININO

Dra. Marildes Luiza de Castro

Cardiologista especializada em saúde da mulher e coordenadora do curso de pós-graduação em Cardiologia da Faculdade IPEMED de Ciências Médicas

A principal causa de morte no mundo é a doença cardiovascular – o Infarto Agudo do Miocárdio e o Acidente Vascular Cerebral (AVC), responsável por 30% das mortes. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, há 60 anos, de cada 10 mortes por doenças cardiovasculares, nove eram homens e apenas uma mulher. Hoje essa proporção está em 5,3 homens para cada 4,7 mulheres.

As mortes por doenças do coração crescem ano a ano entre o sexo feminino. Só em 2016, foram 51.198 vítimas por AVC e 48.104 por infarto, no Brasil. Estima-se que a cada 10 minutos, uma mulher morre em consequência de acidente vascular cerebral. Já o infarto faz uma vítima a cada 11 minutos. Apesar de as mulheres acreditarem que a causa mais frequente de morte entre elas é o câncer, há sete vezes mais chances de morte em decorrência de um infarto agudo do miocárdio do que de um câncer de mama. Esse equívoco implica em menor compromisso do sexo feminino no controle dos fatores de risco que levam ao infarto e ao AVC, além de menor taxa de investigação desse conjunto de doenças, bem como maior negligência no seu tratamento. As DCV podem ser prevenidas em até 80% das vezes.

Os sintomas do infarto em mulheres são, em muitos casos, diferentes da dor no peito com irradiação para o braço esquerdo relatada por homens. Elas descrevem mais uma fincada ou queimação no peito, palpitações, falta de ar, náuseas, mal-estar, sensação de morte. Por não ser a descrição da chamada dor típica, passa despercebida pela paciente e até pela equipe médica, com isso aumenta seu risco e mortalidade.

É fácil de se prever que as jornadas duplas e até triplas – trabalho, cuidado com filhos e afazeres domésticos – elevam os níveis de estresse. E isso, associado, muitas vezes, à falta de atividade física e má alimentação, compromete a saúde do coração. Sem citar o tabagismo, em muitos casos. O risco é alto, mas o tratamento é possível e eficaz. Às mulheres, que usufruam da habilidade para multitarefas para incluírem na rotina o cuidado consigo. Aos familiares e amigos, que auxiliem no alerta às mães, filhas, tias, sogras, cunhadas e amigas para garantir um convívio saudável e duradouro.

Fonte: Damasco Comunicação